Quem, entre nós, hoje em dia, está ensinando que professor é para ser respeitado? Quem mostra a quem nunca teve professor quanto vale ter um? No Japão, por exemplo, os mestres sempre foram reverenciados.Conta-se que o professor era o único profissional que poderia
permanecer de pé ao falar com o imperador, sem precisar cumprir o ritual
de se ajoelhar perante sua autoridade. Numa sociedade hierarquizada
como a japonesa, foi o maior sinal do respeito com que o imperador
demonstrou ao seu povo como se deveria tratar o professor.
Respeito é um valor social que as lideranças têm o dever de
transmitir: como respeitar a bandeira nacional, saber cantar o hino da
pátria, servir ao país, e assim por diante. Dirigentes de um país que
veem no futuro uma promessa fazem o magistério ser respeitado - nem que
seja no interesse deles, dirigentes.
Os que não fazem isso se descomprometem com o futuro do país que governam, traem a sua missão ou têm projetos inconfessáveis.
O nosso magistério não é tudo o que queríamos, podem pensar eles.
Pouco importa, é o magistério que temos.
Nossos filhos e netos precisam dos professores que temos hoje, e dos
seus sucessores que estão sendo formados agora. E precisam saber que
todos eles devem ser respeitados para ter êxito em sua tarefa. Para
isso, a função social do magistério precisa ser dignificada, para que em
cada geração muitos se interessem e se realizem nessa atividade.
Respeitado aqui não quer dizer apenas ser “bem pago”. Salário, por
mais alto que seja, não traz respeito - mas respeito valoriza o salário.
A luta que se reconhece no dia a dia das escolas não é só pelo salário
do magistério, é por respeito à função social do professor. E esse
respeito vem do que se vê na atitude de figuras públicas em relação ao
magistério. Nessa hora, na falta de outros exemplos, é mais que
bem-vinda uma novela que levante o tema: pela ótica da ausência do
respeito, pode ser que alguém se toque! Toda autoridade pública,
aclamada ou não nas pesquisas de opinião, tem hoje responsabilidade
direta em demonstrar respeito ao magistério. Presidente, governadores,
prefeitos, ministros e secretários, deputados e senadores, sindicatos,
artistas, jogadores de futebol podem ajudar mostrando que professor é
para ser honrado e agraciado com formas de reconhecimento público,
medalhas e honrarias. Tudo serve, e nada é demais.
Não há nada de novo nisso. Assim se fez durante muito tempo, quando
poucos tinham acesso à escola e o professor era respeitado. Agora,
universalizado o acesso à escola, parece que quem tinha exclusividade no
acesso à educação prefere desmoralizá-la, já que está disponível a um
maior número de pessoas.
Se queremos educação de boa qualidade, comecemos por respeitar o que
temos hoje. Ninguém melhora o que não respeita, ninguém se esforça para
melhorar o que não considera, ninguém trabalha em favor do que acha não
merecer. Temos muito a melhorar em matéria de ensino, de formação do
magistério, de gestão de redes públicas de escolas, de utilização
racional de recursos públicos e privados na área da educação. E
reconhecer o que já foi feito, por mais insuficiente que pareça aos que
se veem mais do que são, é fundamental.
Há alguns anos atrás as crianças passaram a chamar as professoras de tia. Houve quem considerasse isso uma distorção da profissão, uma forma de reduzir professoras à condição de "tia". Hoje as crianças pedem "Tia, posso te chamar de mãe?". E isso ilustra bem a carência afetiva dessas nossas crianças...
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Bom, para ser respeitada como professora, primeiro é preciso ser professora e não tia.
ResponderExcluirSegundo o educador francês Bernard Charlot (2003), “no Brasil, o saber deve ter efeitos emocionais para ter valor. O lado afetivo do saber é muito valorizado, por isso algumas professoras têm grande dificuldade em deixar de ser "tias". Na França, a escola é mais uma instituição. Lá a professora não é "tia". A escola realmente é uma instituição, e deveria ser encarada como tal em nosso país. Caso contrário, se os pais repassarem à escola a responsabilidade de educar seus filhos, substituindo sua tarefa diária em casa, os professores deixam de ser professores, conforme o desabafo de uma professora da rede estadual paulista, falando sobre o papel dos professores: “Não são formadores de opinião. São babás” (Revista Educação, 2007: 54).
Professora “tia” é, portanto, um ato falho na escola. Nossos profissionais da Educação necessitam se posicionarem mais firmemente e se valorizarem diante dos governantes, da sociedade, dos alunos e até diante de si mesmos. Desde que sejam realmente professores.
Pense nisso.
É lindo esse discurso sobre o respeito ao profissional, mas saiba que meus alunos me respeitam e me amam, alguns têm mais apreço por mim do que por suas mães... Agora o respeito da categoria, os melhores salários e visão de formadores de opinião deve vir de CIMA, enquanto nossos governantes não valorizarem nosso trabalho, pouco importa de quê seremos chamados por nossos alunos...
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