terça-feira, 10 de julho de 2012

Respeito é bom e o professor gosta

Quem, entre nós, hoje em dia, está ensinando que professor é para ser respeitado? Quem mostra a quem nunca teve professor quanto vale ter um? No Japão, por exemplo, os mestres sempre foram reverenciados.Conta-se que o professor era o único profissional que poderia permanecer de pé ao falar com o imperador, sem precisar cumprir o ritual de se ajoelhar perante sua autoridade. Numa sociedade hierarquizada como a japonesa, foi o maior sinal do respeito com que o imperador demonstrou ao seu povo como se deveria tratar o professor.

Respeito é um valor social que as lideranças têm o dever de transmitir: como respeitar a bandeira nacional, saber cantar o hino da pátria, servir ao país, e assim por diante. Dirigentes de um país que veem no futuro uma promessa fazem o magistério ser respeitado - nem que seja no interesse deles, dirigentes.
Os que não fazem isso se descomprometem com o futuro do país que governam, traem a sua missão ou têm projetos inconfessáveis.

O nosso magistério não é tudo o que queríamos, podem pensar eles.

Pouco importa, é o magistério que temos.

Nossos filhos e netos precisam dos professores que temos hoje, e dos seus sucessores que estão sendo formados agora. E precisam saber que todos eles devem ser respeitados para ter êxito em sua tarefa. Para isso, a função social do magistério precisa ser dignificada, para que em cada geração muitos se interessem e se realizem nessa atividade.

Respeitado aqui não quer dizer apenas ser “bem pago”. Salário, por mais alto que seja, não traz respeito - mas respeito valoriza o salário. A luta que se reconhece no dia a dia das escolas não é só pelo salário do magistério, é por respeito à função social do professor. E esse respeito vem do que se vê na atitude de figuras públicas em relação ao magistério. Nessa hora, na falta de outros exemplos, é mais que bem-vinda uma novela que levante o tema: pela ótica da ausência do respeito, pode ser que alguém se toque! Toda autoridade pública, aclamada ou não nas pesquisas de opinião, tem hoje responsabilidade direta em demonstrar respeito ao magistério. Presidente, governadores, prefeitos, ministros e secretários, deputados e senadores, sindicatos, artistas, jogadores de futebol podem ajudar mostrando que professor é para ser honrado e agraciado com formas de reconhecimento público, medalhas e honrarias. Tudo serve, e nada é demais.

Não há nada de novo nisso. Assim se fez durante muito tempo, quando poucos tinham acesso à escola e o professor era respeitado. Agora, universalizado o acesso à escola, parece que quem tinha exclusividade no acesso à educação prefere desmoralizá-la, já que está disponível a um maior número de pessoas.

Se queremos educação de boa qualidade, comecemos por respeitar o que temos hoje. Ninguém melhora o que não respeita, ninguém se esforça para melhorar o que não considera, ninguém trabalha em favor do que acha não merecer. Temos muito a melhorar em matéria de ensino, de formação do magistério, de gestão de redes públicas de escolas, de utilização racional de recursos públicos e privados na área da educação. E reconhecer o que já foi feito, por mais insuficiente que pareça aos que se veem mais do que são, é fundamental.

2 comentários:

  1. Bom, para ser respeitada como professora, primeiro é preciso ser professora e não tia.

    Segundo o educador francês Bernard Charlot (2003), “no Brasil, o saber deve ter efeitos emocionais para ter valor. O lado afetivo do saber é muito valorizado, por isso algumas professoras têm grande dificuldade em deixar de ser "tias". Na França, a escola é mais uma instituição. Lá a professora não é "tia". A escola realmente é uma instituição, e deveria ser encarada como tal em nosso país. Caso contrário, se os pais repassarem à escola a responsabilidade de educar seus filhos, substituindo sua tarefa diária em casa, os professores deixam de ser professores, conforme o desabafo de uma professora da rede estadual paulista, falando sobre o papel dos professores: “Não são formadores de opinião. São babás” (Revista Educação, 2007: 54).

    Professora “tia” é, portanto, um ato falho na escola. Nossos profissionais da Educação necessitam se posicionarem mais firmemente e se valorizarem diante dos governantes, da sociedade, dos alunos e até diante de si mesmos. Desde que sejam realmente professores.

    Pense nisso.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É lindo esse discurso sobre o respeito ao profissional, mas saiba que meus alunos me respeitam e me amam, alguns têm mais apreço por mim do que por suas mães... Agora o respeito da categoria, os melhores salários e visão de formadores de opinião deve vir de CIMA, enquanto nossos governantes não valorizarem nosso trabalho, pouco importa de quê seremos chamados por nossos alunos...

      Excluir