segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eis que a verborréia abundou, rs.

Como professora, preciso fazer relatórios nos registros individuais dos meus alunos, fora o registro das vivências da turma ao longo de cada mês e os planejamentos do bimestre, enfim, são muitos papéis a preencher e cada um tem uma peculiaridade, a mais bizarra é a que tenho de escrever de forma impessoal, em terceira pessoa, falando de mim mesma, do que eu fiz, como se estivesse falando de outra pessoa, tipo "durante o período a professora incentivou os alunos a...", entende?! Parece loucura!

Em todos esses relatórios, registros e planejamentos eu preciso usar um vocabulário rebuscado, ser cuidadosa na escolha de cada palavra a ser colocada, até para não me gerar problemas posteriores, afinal vivemos num tempo onde chamar alguém de bonito pode ser considerado sarcástico e gerar algum processo judicial... As pessoas estão loucas, querem processar alguém a qualquer custo, seja você pessoa física ou jurídica, por isso não devemos dar chance ao azar de alguém ler nossos relatórios e achar ruim a forma pela qual chamamos um aluno de bonito, de fofinho... Sendo assim, devemos usar e abusar de um recurso chamado EUFEMISMO, onde se nós considerarmos um aluno porco, jamais devemos escrever isso, devemos escrever: o aluno ainda não desenvolveu hábitos próprios de higiene pessoal e de cuidado com os seus pertences. Entendeu? Algumas vezes usamos palavras tão bonitas que pessoas com menos estudos não vão entender metade, rs.

Isso me fez lembrar a piada de Rui Barbosa que sempre conto pra exemplificar a diferença entre a linguagem culta e a linguagem coloquial, ou para falar sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas (Gadner), onde eu demonstro que, na piada, embora o Rui Barbosa tivesse uma inteligência linguística muito bem desenvolvida, ele precisava trabalhar um pouco mais, muito mais, sua inteligência interpessoal. Veja:

Um ladrão foi roubar galinhas justamente na casa do catedrático Rui Barbosa, quando já estava saindo com um frango debaixo do braço eis que o dono da casa surge por trás dele e esbraveja, com toda aquela eloquência que lhe era peculiar:
- Não é pelo bico de bípede, nem pelo valor intrínseco do galináceo, mas por ousares transpor os umbrais de minha residência! Se for por mera ignorância perdoo-te, mas se for para abusar de minh'alma prosopopéia, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que dar-te-ei tamanha bordoada que transformarei tua massa encefálica em cinzas cadavéricas!!!
O ladrão sem entender nada, perguntou:
- E então, como é que é seu Rui, eu posso ou não levar o frango?!?!

Rsrs. É antiga, já faz parte do meu repertório de piadas há muitos anos, mas ainda me faz rir contá-la, me faz rir também a reação de algumas pessoas quando eu conto de memória, rs.

Um comentário:

  1. Oi Nanda, bom dia !
    Seu artigo, que trata de algo real e atual, me faz lembrar que o nível das conversações, com essa massificação das mensagens instantâneas e SMS, tem criado praticamente uma nova classe gramatical....rs
    Muitas vezes quando falamos com as pessoas, ficamos a nos questionar: sou eu o alienado? rsrs
    Gostei muito do artigo e assino embaixo.
    Beijos

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